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Brasil deve diminuir ritmo de exportação de carne bovina


Publicado em: 08/12/2006 08:25 | Categoria: Geral

 


Segundo a previsão, o Brasil deve exportar 1,985 milhão de toneladas (equivalente-carcaça) de carne bovina in natura; a estimativa para 2006 é 1,945 milhão de toneladas. A segunda posição no ranking continuará sendo da Austrália, que já foi líder no passado. A estimativa é de que exportações australianas de carne somem 1,495 milhão de toneladas (equivalente-carcaça), 70 mil a mais que em 2006.

No terceiro lugar, já neste ano, está a Índia, que exporta carne de búfalo e seduz principalmente os mercados árabes com preços baixos. O país deve embarcar 750 mil toneladas (equivalente-carcaça) neste ano e outras 800 mil em 2007, segundo o USDA.

"O relatório indica que o Brasil ficará na lanterninha do crescimento", afirma Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria. Segundo ele, a avaliação do USDA é de que o Brasil não abrirá novos mercados para a carne bovina, um cenário que Tito Rosa acha possível. Isso porque a abertura desses tão desejados novos mercados depende da solução de questões sanitárias como a aftosa.

O analista destaca o crescimento expressivo previsto pelo USDA para os Estados Unidos, que já chegou a estar entre os maiores exportadores de carne bovina do mundo e perdeu o lugar após o caso da doença da "vaca louca" no fim de 2003. Os embarques americanos este ano devem alcançar 523 mil toneladas e 680 mil no ano que vem, segundo o USDA, depois de caírem para apenas 209 mil toneladas em 2004.

Tito Rosa pondera que o ritmo de crescimento forte esperado para as exportações americanas também decorre do fato de que a base de comparação é baixa devido ao recuo expressivo registrado após o surgimento da doença.

A retomada dos EUA não passa despercebida, já que o país concorre com o Brasil em mercados como a Rússia, lembra ele. Além disso, se o país conseguir recuperar todos os clientes da Ásia, haverá menos pressão para abrir aqueles mercados à carne brasileira, acrescenta. O Brasil tenta entrar nesses países, principalmente Japão, mais sofre restrições sanitárias.

Além da postura mais agressiva dos EUA no mercado - o que pode até pressionar nos preços internacionais da carne -, o Brasil também terá de enfrentar maior concorrência na carne bovina em mercados como o Egito. O país foi um dos principais compradores brasileiros este ano depois de registrar casos de gripe aviária que inviabilizaram a avicultura local. Mas ano que vem deve ser diferente. "2007 não será tão fácil para o Brasil no Egito, porque a Índia está exportando mais carne de búfalo para aquele mercado", afirma Jerry O"Callaghan, diretor da área de carnes da Coimex.

Aliás, esse avanço no Oriente Médio e em países que faziam parte da antiga União Soviética fará o país asiático ultrapassar até a Argentina no ranking dos exportadores de carne já neste ano.

Chama a atenção o crescimento indiano já que o país não tem feito investimentos em tecnologia para desenvolver sua pecuária. Mas, apesar de pouco eficiente, a Índia se beneficia do fato de ter o maior rebanho do mundo, observa Fabiano Tito Rosa. São 283 milhões de cabeças - 185 milhões de bovinos e 98 milhões de bubalinos, segundo a FAO.

"O consumo [de carne] é muito pequeno por isso existe excedente exportável", corrobora José Vicente Ferraz, do Instituto FNP. E o país também ganha espaço no mercado internacional porque tem preços competitivos, acrescenta O"Callaghan. Isso faz dele um forte concorrente em países onde o fator preço é predominante.

Contudo, a Argentina também tomou medidas que ajudaram a Índia ganhar espaço no mercado de carne. Este ano, o governo argentino instituiu uma espécie de "auto-embargo" às suas exportações de carne bovina, com o intuito de garantir o suprimento doméstico e evitar uma escalada da inflação. "Esse auto-embargo pode ajudar o Brasil", avalia Tito Rosa.

Ferraz também acredita que as restrições argentinas podem ser benéficas para as vendas brasileiras, assim como a seca que afeta a oferta de gado na Austrália. "A Austrália deve priorizar as vendas ao Japão, seu principal cliente, abrindo espaço em outros mercados para o Brasil".

Mais otimista que Tito Rosa, Ferraz afirma que se o ritmo de crescimento da economia se mantiver, o Brasil deve continuar batendo recordes de exportação de carne bovina. Ele reconhece, porém, que o repetir o ritmo de avanço é difícil, pois a base é alta.

Fonte: Valor Econômico

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