1. Home
  2. Notícias
  3. Geral
Geral

Frigoríficos brasileiros operam com capacidade ociosa elevada


Publicado em: 02/04/2008 08:34 | Categoria: Geral

 



"Eu entreguei o gado em janeiro e até hoje não recebi", diz um pecuarista do Triângulo Mineiro, que não quis se identificar. Segundo ele, em média, as indústrias pagam em até 30 dias. Mas há empresas negociando para 90 dias. Ontem, a arroba do boi gordo era negociada a R$ 76,55 em São Paulo. Em um ano, valorizou-se 35%, enquanto o preço médio da carne ao consumidor aumentou 28%. "Tem empresa trabalhando com uma perda de R$ 3 por arroba", diz o analista Paulo Molinari, da Safras & Mercado.

A redução da oferta de gado é reflexo do ciclo produtivo - houve abate de matrizes em anos anteriores - e, de acordo com analistas, a situação só voltará a se normalizar em pelo menos dois anos. Até lá, de acordo com eles, muitas empresas menores serão "engolidas" pelas grandes.

"Não tem um frigorífico no País trabalhando cheio. Mesmo no Norte, que tinha uma maior oferta", diz Maria Gabriela Tonini, analista da Scot Consultoria. Reflexo disso é que diminuiu a diferença de preço entre o produto de São Paulo e das áreas de fronteira. De acordo com a consultoria, há um ano, o boi em São Paulo era 23,22% mais caro que em Rondônia. Hoje, é 18%. No Pará, a diferença caiu de 29,8% para 19,9%.

"As empresas estão com dificuldade de encontrar gado e o custo está alto", afirma José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP. Segundo ele, a rentabilidade das indústrias deve ter caído - parte refletida nos balanços, como o da JBS, que deu prejuízo. No início de 2007, a AgraFNP previa uma rentabilidade média de 15%. A consultoria não refez os cálculos para 2008.

Segundo analistas, os frigoríficos Torlim/Garantia, Marfrig e Bertin estariam demitindo. De acordo com a assessoria de imprensa do Bertin, as dispensas ocorridas em Naviraí (MS) não foram por ociosidade, mas por justa causa. O diretor do Torlim, Peter Martt Júnior, diz que a unidade de Campina Verde (MG) está parada e os funcionários foram dispensados. "O mercado está difícil. O embargo da União Européia fez o preço da carne cair no varejo. Não está valendo a pena negociar. Por isso, temos de diminuir a operação para o prejuízo não ser grande", afirma. Mas, segundo ele, a partir do dia 7, a unidade fechada poderá ser retomada. As demais empresas não se pronunciaram sobre o assunto.

O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle confirma as demissões no estado, que emprega 6 mil pessoas. De acordo com ele, a ociosidade média está em 50%. "A reposição está muito complicada. E o produtor não quer se desfazer do boi, está esperando".

Para o presidente da Associação Brasileira dos Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Pessoa, a capacidade produtiva não está sendo aproveitada porque não há demanda no mercado interno. "O custo e receita não permitem que haja o aproveitamento integral", afirma.

O superintendente de Relações com Investidores do Minerva, Ronald Aitken, diz que a estratégia da empresa, "mais conservadora" garante níveis de ocupação da capacidade industrial acima da média de seus pares. A empresa está operando com: 80% da capacidade. Ele acrescenta que as escalas estão em quatro a cinco dias, mas que não há mais abate aos sábados, por dificuldade de compra de animais e para redução dos custos. No entanto, segundo ele, a rentabilidade de empresa neste ano está estável em relação a 2007: cerca de 8%. "Mas, muito mais que os custos altos, o impacto maior ocorreu com o embargo da União Européia".


Fonte: Gazeta Mercantil

Galeria

Voltar
Top