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Mais medo do que alegria na Copa


Publicado em: 27/06/2006 06:39 | Categoria: Geral

 



Porém, apesar da animação dos proprietários, os dias de jogos são tidos mais como dias de medo do que de alegria para os animais. As causas disso costumam ser os “buzinaços” promovidos pelos torcedores, as festas reunindo grande número de amigos realizadas nas residências, as cornetas e apitos utilizados nos momentos de gol e principalmente os fogos de artifício, bombinhas e rojões geralmente disparados em todos os cantos das grandes e pequenas cidades.

“Os animais escutam a barulheira e não entendem o que está acontecendo, sendo tirados de suas rotinas normais. Não há como explicar para eles que estamos em período de Copa e que não precisam ter medo da barulheira e estranhar a agitação”, diz o médico veterinário e secretário-geral do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR), Carlos Leandro Henemann, que é especialista em clínica de pequenos animais.

Todos os animais costumam sofrer. Porém, os cães, segundo o veterinário, possuem uma amplitude de audição muito mais elevada que a dos seres humanos. Em conseqüência, eles geralmente são mais sensíveis a sons intensos, sentindo maior desconforto diante da barulheira. De todos os ruídos citados, os que mais afetam a audição dos animais e geram conseqüências para os mesmos costumam ser os fogos e rojões. “Se para a gente os fogos muitas vezes incomodam, para os animais o desconforto auditivo costuma ser bem maior. Durante o período de Copa, é preciso tomar cuidado para que os bichos não se assustem e acabem se machucando”.

O pânico imposto pelas explosões pode fazer com que os animais passem por situações que colocam suas vidas em risco. Há relatos de animais que, tanto em épocas de Copa do Mundo quanto em viradas de ano, saltaram de janelas, arrebentaram portas de vidro, ficaram presos ao tentar passar em meio a grades e mesmo foram atropelados ao escaparem para a rua na tentativa de fugir dos estouros e procurar um lugar seguro para se esconder. “Já tive clientes que relataram que, no Ano Novo, seus cães pularam muros para fugir dos fogos e nunca mais voltaram, ficando perdidos. Com os gatos, costuma acontecer a mesma coisa, sendo que o risco é maior para aqueles que vivem em casas e têm acesso à rua. Entre os felinos que vivem em apartamento, o risco está nas janelas abertas dos andares mais altos”.

Dependendo do local onde os explosivos forem detonados, os animais, assim como os seres humanos, podem ser vítimas de perfurações de tímpano, ferimentos nos olhos ou mesmo mutilações que resultem em amputação de membros. Animais com problemas cardíacos, se não medicados sob orientação veterinária, podem vir a sofrer paradas cardíacas e mesmo ser vítimas de morte súbita devido à situação de estresse.  

O comportamento de determinado animal diante de visitas e ruídos intensos vai depender de quão socializado ele é. Geralmente os bichos que pouco saem às ruas e que não costumam ter muito contato com pessoas estranhas são os que mais se apavoram e se colocam em situações de risco em períodos de festas. Porém, também costumam estar mais sujeitos a crises de pânico e desespero, animais que, no decorrer da vida, já tenham tido algum tipo de trauma devido a barulho.

Segundo o zootecnista Paulo Parreira, que é professor da PUCPR e especialista em comportamento animal, em dias de jogos da seleção brasileira os proprietários de cães e gatos podem tomar algumas atitudes e assumir alguns comportamentos específicos para evitar que seus pets sejam vítimas de sofrimento emocional ou físico.

“O comportamento dos donos irá se refletir sobre o comportamento do animal. Diante do estouro de fogos e outros barulhos, o proprietário não deve se abaixar e começar a falar fino com o bicho assustado, pois o mesmo vai interpretar isso como uma atitude de medo da pessoa e se sentir ainda mais inseguro. O melhor é agir como se nada estivesse acontecendo. Desta forma, o animal vai, num primeiro momento, se assustar com os ruídos. Entretanto, posteriormente, vai perceber que tudo está normal ao seu redor e que não há motivos para desespero”, explica.

A dica do zootecnista vale principalmente para quem tem bichos ainda filhotes e que nunca experimentaram uma situação parecida com a que se vê em períodos de Copa. Para animais de todas as idades, é aconselhável mantê-los em locais tranqüilos nos dias de jogos, não os expondo a muita agitação e estresse. “Se houver festa na residência, com participação de um grande número de convidados, o melhor é preparar um lugar mais isolado para o animal ficar durante a comemoração. Neste lugar, que pode ser, por exemplo, a área de serviço da casa, devem ser deixados os objetos do animal, água e comida”.

No local, também não devem ser deixadas janelas abertas e objetos com os quais o animal possa se ferir caso venha a se assustar com rojões. No caso de animais mantidos em quintais e que por qualquer motivo não podem ser levados para dentro de casa, é indicado colocar coleira de identificação. Isto evita que o animal não venha a ser encontrado caso se perca após fugir para a rua. A identificação deve conter o nome do animal, o nome do dono e um telefone de contato.

“Se o animal estiver muito assustado e se esconder embaixo de móveis, os proprietários não devem tentar retirá-lo do local. É instintivo e normal que, em atitude defensiva, o bicho tente se esconder ao se sentir ameaçado. Se as pessoas forem tentar retirá-lo do esconderijo, os riscos de serem mordidas são grandes. O animal deve ter a liberdade de se ausentar da festa e procurar uma toca onde se sinta mais seguro”, afirma Paulo. 

Para abafar um pouco os ruídos, os proprietários podem colocar bolas de algodão no ouvido dos animais. Para que não hajam problemas, as bolas devem ser grandes, não podendo se perder no canal auditivo, e devem ser retiradas imediatamente depois que o barulho tiver cessado. Sedativos e tranqüilizantes também podem ser fornecidos de forma preventiva caso o animal costume ficar muito apavorado, mas só sob orientação e indicação médica veterinária. Doses erradas podem resultar em danos sérios à saúde do bichinho. 


Fonte: Paraná-Online

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