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Rara espécie de canídeo selvagem é tema de pesquisa de médica-veterinária que ganha repercussão na mídia internacional


Publicado em: 30/01/2023 14:30 | Categoria: Geral

 


Crédito da imagem: Renata Leite Pitman

Crédito da imagem: Renata Leite Pitman

O cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas (Atelocynus microtis) teve suas primeiras aparições registradas por volta do século XIX na América do Sul. Raramente visto e pouco conhecido pelos habitantes locais, o cachorro do mato de orelhas curtas, por muitos anos, careceu de pesquisas e registros científicos que contribuíssem com a conservação da espécie, uma vez que ele é encontrado apenas na Amazônia, maior floresta tropical do mundo, também ameaçada pelo desmatamento, mineração, construção de estradas, exploração de combustíveis fósseis e mudanças climáticas.

Início da pesquisa

Após saber pelo cientista Dr. John Terborgh, reconhecido e com 30 anos de trabalho na Floresta Amazônica Peruana, que a rara espécie do cachorro do mato de orelhas curtas esteve ausente por aproximadamente duas décadas na Estação Biológica Cocha Cashu (Peru), mas que tinha sido visualizado recentemente por cientistas, a médica-veterinária e cientista Renata Leite Pitman, decidiu no ano de 2000, embarcar em uma pesquisa sobre o cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas.

“Eu, a princípio, conhecendo a raridade da espécie duvidei da identificação e comecei a entrevistar os cientistas que haviam feito os registros para saber se não houve alguma confusão. Quando confirmei os registros não conseguia pensar em outra coisa”, comenta.

O início da jornada da pesquisadora foi no Parque Nacional de Manú (reserva da Amazônia Peruana), depois na região do Rio Alto Purús, onde hoje é o Parque Nacional Alto Purús. Também foi contratada para trabalhar na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, como assistente de pesquisa do cientista, que despertou seu interesse pelo tema. De 2010 em diante passou a trabalhar em publicações, orientações e medidas de conservação. Agora a profissional segue na pesquisa em toda a área de distribuição da espécie, orientando alunos e colaborando com outros pesquisadores.

Descobertas e preservação da espécie

Durante a pesquisa, a médica-veterinária descobriu a dieta, área de vida, uso de hábitat e aspectos comportamentais da espécie. Além disso, rastreou as doenças a que a espécie está exposta. “Isso permitiu fazer a classificação de ameaça da espécie, que antes do meu estudo era classificada como DD (Dados Deficientes). Conhecendo o grau de ameaça é possível trabalhar em um Plano de Ação para minimizar a ameaça à espécie”, destaca Renata.

Leite Pitman identificou também que, embora o cachorro de orelhas curtas prefira carne quando consegue caçá-la, na verdade é um grande comedor de frutas. Além disso, a espécie ainda desempenha um papel vital no ecossistema amazônico, dispersando as sementes de muitas plantas importantes.

“Uma das descobertas mais importantes foi que os machos da espécie não atingem a maturidade sexual até os três anos de idade, o que é muito tarde em relação aos cães de estimação”, explica.

Repercussão internacional

A pesquisa sobre cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas chamou atenção de um canal de televisão, que rendeu o título a profissional de National Geographic Explorer (Exploradora da National Geographic), repercutindo a pesquisa em diversos portais no mundo e virando um dos temas de um podcast internacional, onde a profissional conta sobre as dificuldades em estudar uma espécie tão rara (escute aqui) e saiba mais sobre o assunto.


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