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Geral

A técnica deve estar alinhada com a gestão


Publicado em: 17/12/2019 15:23 | Categoria: Geral | Autor: Roberta Züge

 

Resumo
A médica veterinária Roberta Züge explana sobre as palestras "Quanto vale seu trabalho" e "Responsabilidade Técnica em indústria de laticínios e queijarias", que ministrou no Congresso Nordestino de Especialidades Veterinárias de Pequenos Animais (CONEVEPA) 2019.
Artigo

Durante o Simpósio Nordestino de Responsabilidade Técnica Veterinária, pude ministrar duas apresentações que, apesar de distintas, têm a mesma essência. A primeira apresentação “Quanto vale seu trabalho” foi ministrada já no primeiro dia do evento. A abordagem teve como foco demonstrar que as empresas desejam muito além de um profissional técnico, mas também, que o Médico Veterinário que possua uma visão de gestão. Iniciando com uma proposta que seja transparente para o cliente e finalizando com o cumprimento do que foi acordado.

Em outro tema, mas seguindo a narrativa de demonstrar a necessidade de ir além do conhecimento veterinário, a segunda apresentação, que versava sobre a responsabilidade técnica em laticínios e queijarias, também foi realizada focando um contexto mais amplo das novas legislações que estão vigentes na cadeia do leite e estão causando controvérsias entre os profissionais.

A nova legislação do leite que foi publicada, ainda em 2018 e está vigente, exige diversos controles e monitoramentos, que devem iniciar desde o campo. Algo que antes não estava sob responsabilidade dos laticínios, o controle dos processos de produção, com monitoramento das boas práticas agropecuárias. Tais normativas, conhecidas INs 76 e 77, tornaram-se uma inovação em relação às outras anteriores, especialmente em relação à exigência de um Plano de Qualificação de Fornecedores de Leite, que as indústrias captadoras e processadoras devem apresentar.

Estas normativas exigem que os responsáveis técnicos concebam e implementem um processo com planos de controles dos fornecedores. Exige mais organização e maior noção da cadeia como um todo, já que deve ser iniciado na unidade de produção. Nestes também devem estar definidos os objetivos das ações a serem realizadas nas propriedades leiteiras. Devem ser alinhados à missão e à visão do laticínio/entreposto. Com isto o profissional, em parceria com os demais gestores da empresa, deve descrever qual a visão e missão e, posteriormente, alinhar suas estratégias focando que os objetivos, ações, metas e indicadores, que estão descritos em seus planos, devem estar em consonância com as premissas de qualidade dos produtos, conforme definido pela instituição.

Nesta premissa, há um claro compartilhamento da responsabilidade em relação à da matéria-prima, ou seja do leite, entre os produtores e as empresas que realizam a captação. As empresas que processam a matéria-prima devem manter estes planos, que precisam ser concebidos focando que sejam processos contínuos e evolutivos de controle da qualidade.

No entanto, torna-se um grande desafio manter os registros que são exigidos nas distintas propriedades que são fornecedoras do leite para as indústrias. Por outro lado, deve melhorar a relação que existe entre o laticínio e os produtores. Tais requisitos demandam muitos controles, documentos e maior organização do profissional. Mas, também, coloca o médico veterinário como o protagonista do laticínio. Ou seja, sob sua tutela está todo o cerne da produção até o beneficiamento.

Se por um lado exige muito mais do profissional, por outro é um excelente momento para que os médicos veterinários ocupem seu espaço de forma adequada. Isto irá exigir maior dedicação e esforço para uma visão sistêmica e empregar os conhecimentos técnicos de forma a atender aos conceitos exigidos pelas legislações. Nota-se que até os conceitos legais estão exigindo que o médico veterinário expanda sua atuação, um movimento que tem sido visualizado em diversos outros países.

Roberta Züge
Médica Veterinária


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