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Sistema Integrado de Controle Parasitário (SICOPA)


Publicado em: 11/05/2007 10:03 | Categoria: Geral

 

Artigo

O SICOPA foi criado para a realidade brasileira (MOLENTO, 2004), sendo composto de 22 alternativas de manejo: tratamento seletivo, exames laboratoriais, sinais clínicos, medicina alternativa, entre outros. Dentre estes, o ponto principal do tratamento seletivo é evidenciar o papel fundamental da população parasitária susceptível, chamada de refugia. O SICOPA é utilizado em ruminantes e eqüídeos em todo o território nacional com o objetivo de incentivar o uso de estratégias que mantenham a saúde animal, criando um ambiente que equilibre controle parasitário e ganho zootécnico.

Sinais clínicos e índices zootécnicos: a base do tratamento seletivo

Ganho de peso: A abordagem de técnicos de campo deve superar a idéia de administrar uma propriedade como uma empresa. Este deve respeitar a individualidade dos animais, procurando obter dados de ganho de peso e decidir então a estratégia que será utilizada. Animais bem nutridos e com ganho de peso compatível para o período e para a raça, mesmo que tenham um diagnóstico laboratorial positivo, podem permanecer sem tratamento. Isto irá melhorar a relação custo-benefício imediatamente. Novilhas nelore podem ser tratadas até a primeira cria, entrando posteriormente para o tratamento seletivo como vacas de cria.

Escore de condição corporal: A utilização desta útil técnica ainda é pouco comum na Parasitologia. Ovinos e caprinos com condição corporal acima de 2,5 podem ser mantidos sem tratamento após avaliação. Animais desta categoria apresentam índices zootécnicos semelhantes quando comparados com animais tratados intensivamente.

Famacha: O método Famacha foi desenvolvido na África do Sul para o controle do Haemonchus contortus, observando a conjuntiva de ovinos e caprinos. Este método é amplamente utilizado no Brasil, onde foram obtidos resultados que apresentam os primeiros dados econômicos, zootécnicos e reprodutivos. Estes índices são compatíveis aos encontrados em rebanhos erroneamente manejados de forma preventiva-intensiva.

Diarréia: A diarréia ocorre devido à presença de parasitas intestinais (Cooperia sp., Trichostrongylus sp.) e pode ser observada facilmente até por um funcionário treinado na propriedade. Desta forma, animais que apresentem fezes com consistência normal (firme) até pouco soltas podem permanecer sem tratamento.

Presença de ectoparasitos: O tratamento seletivo é utilizado para carrapatos e mosca-dos-chifres após a determinação visual.

 

Produtos similares, combinação e o aumento da concentração das drogas

O desenvolvimento de produtos é lento e caro e um novo lançamento não ocorre há mais de 25 anos. Desta forma, a indústria tem lançado algumas alternativas não-inéditas do ponto de vista da resistência parasitária, agravando-a. As três opções listadas acima devem ser utilizadas somente quando existir a comprovação técnica de sua eficácia ou necessidade. Entretanto, o que se tem observado é que estes lançamentos fazem parte da rotina de programas de controles parasitários ditos empresariais.

Conclusão

Mesmo admitindo que existe uma grande parcela da população mundial que passa fome, a maximização pecuária foi abolida por ser um modelo de criação não sustentável. Este modelo pós-guerra ocasionou no Brasil, após inúmeras décadas de contribuição, a produção em larga escala com baixa qualidade dos produtos e o esgotamento das bases químicas (antiparasitários e antibióticos). Os jovens profissionais devem ser alertados sobre tal situação e ser instruídos e incentivados a utilizar técnicas que promovam rendimento econômico e, prioritariamente, a melhoria da qualidade de vida dos animais. Espera-se dos profissionais mais experientes uma postura profissional clara, mesmo que isto signifique a quebra de paradigmas enraizados na cultura de nossa profissão, adotando algumas novas técnicas. A FAO/ONU e vários grupos científicos e empresariais incentivam um maior apoio laboratorial de alto nível próximo da realidade rural de alta ou baixa produtividade, fomentando assim a capacitação profissional continuada e a sustentabilidade das criações pequenas ou grandes.

Referências
MOLENTO, M.B. Rev. Bras. Parasitol. Vet., Rio de Janeiro, 2004.

Por: Marcelo Beltrão Molento


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