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RELATÓRIO TÉCNICO – PROJETO ILHA DO MEL


Publicado em: 25/01/2007 09:35 | Categoria: Geral

 

Artigo

O Projeto de Extensão da UFPR, intitulado “Controle de Zoonoses e da População de Animais Domésticos na Ilha do Mel” surgiu a partir da necessidade de contenção do número de cães e gatos habitantes da Ilha, em função do potencial zoonótico conferido pelos mesmos.

A realização das atividades no período acima citado contou com a participação de acadêmicos de Medicina Veterinária da UFPR, juntamente com moradores contratados para colaboração nos trabalhos. O projeto conta com o apoio de 10 acadêmicos, sendo que 3 participaram desta etapa a campo enquanto os demais realizaram a confecção das carteirinhas de vacinação. Foram contratados no total, 5 moradores (3 para a região de Encantadas e 2 para a região de Brasília).

Os custos com estadia, alimentação e transporte marítimo dos voluntários, e pagamento dos moradores, foram arcados pelo IAP, possibilitando, assim, o desenvolvimento do projeto. O transporte dos alunos de Curitiba a Pontal do Sul foi cedido pela UFPR.

O trabalho iniciou-se na região de Encantadas, no dia 21 de julho, estendendo-se até o dia 24 do mesmo mês. Na região de Brasília o trabalho foi desenvolvido dos dias 25 a 31 de julho de 2006.

Na região de Encantadas foram cadastrados no total 151 animais, sendo  86 cães e  65 gatos. Moradores relataram a existência de mais 4 cães (3 fêmeas e 1 macho), que não foram cadastrados pelo fato de seus proprietários estarem fora de suas residências no momento da pesquisa. Dentre a população de cães, 33 são fêmeas (36,66%) e 57 são machos (63,33%), já inclusos os não cadastrados. Na população de gatos, foram verificados 32 machos (53,33%) e 28 fêmeas (46,66%), sendo que 5 animais não tiveram seu sexo identificado pelos proprietários (Gráfico 1).

GRAFICO 1 – População de cães e gatos na região de Encantadas



Na região de Brasília foi cadastrado um total de 123 animais, sendo 89 cães e 34 gatos. Moradores relataram a existência de mais 7 cães (2 fêmeas, 2 machos e 3 animais de sexo indeterminado), que não foram cadastrados pelo fato de seus proprietários estarem fora de suas residências no momento da pesquisa. Um animal (fêmea) não foi cadastrado pelo fato de o proprietário não se dispor a receber os voluntários. Dentre a população de cães, 41 são fêmeas (43,61%) e 53 são machos (56,39%), já inclusos os não cadastrados com sexo identificado. Na população de gatos, foram verificados 24 machos (70,59%) e 10 fêmeas (29,41%). (Gráfico 2).

GRAFICO 2 – População de cães e gatos na região de Brasília



O total de animais domésticos da Ilha do Mel é de 286, dentre os quais, 274 foram cadastrados. Dos cadastrados, 175 são cães e 99 são gatos. Dentre a população de cães, 74 são fêmeas (40,21%) e 110 são machos (59,79%), já inclusos os não cadastrados com sexo determinado. Na população de gatos, foram verificados 56 machos (59,57%) e 38 fêmeas (40,43%), sendo que 5 animais não tiveram seu sexo identificado pelos proprietários (Gráfico 3).

GRAFICO 3 – População total de cães e gatos na Ilha do Mel



A aplicação de uma enquete aos moradores que possuem animais domésticos fez parte da segunda fase da visita. A enquete continha perguntas basicamente relacionadas à posse responsável e zoonoses. Os resultados obtidos foram tabulados e analisados.

De acordo com os dados, dos 137 entrevistados, 58,39% dizem manter seus animais presos (restritos à propriedade), porém, o observado pelos alunos foi que a maioria destes animais estava solta, contradizendo as informações fornecidas pelos moradores.

Quando questionados a respeito do uso de coleira em caso de passeios fora de casa, 61,31% afirmam não utilizar a mesma em seus animais. Com relação ao uso de focinheira, nenhum entrevistado afirma utilizá-la em seus animais como forma de segurança.

A respeito do recolhimento de fezes, 48,91% da população afirma não recolher os dejetos de seu animal, apesar de 72,99% dos entrevistados admitir que reconhece a importância desta atitude simples.

Quanto ao fato de fornecer alimentos a animais que não são de sua responsabilidade, 12,41% dos moradores afirmam não fornecer; 5,11% fornecem algumas vezes e 82,48% fornecem sempre alimentos aos animais.

Sobre o destino dos filhotes após o nascimento, 7,3% afirma doá-los no continente (região de Pontal do Sul e Paranaguá); 20,44% relatam doar na própria Ilha; 6,57% ficam com os filhotes; 2,92% encontra outro destino  e 65,69% diz nunca ter presenciado tal situação.

Dos 137 entrevistados, 81 (59,12%) afirmam enterrar seus animais depois de mortos no quintal de sua propriedade; 40,88% afirmam nunca terem ocorrido óbitos. Foram fornecidas outras alternativas como, enterrar em terreno baldio, jogar no lixo ou encaminhar à prefeitura, porém, nenhum dos moradores as escolheu como resposta.

Com relação à presença de animais nas trilhas e praias, a maioria (75,91%) é contra; 10,22% são a favor e 13,87% se dizem indiferentes ao fato. Mas, apesar de a maioria da população ser contra, os cães permanecem soltos. Foram propostas soluções para o fato acima citado: recolher os animais não importando qual seja seu destino, recolher os animais e mandar para adoção no continente, castrar, adotar ou os donos manterem seus animais restritos às suas propriedades. Os resultados obtidos foram: 37,96%; 5,84%; 27,01%; 12,41% e 17,52%, respectivamente. 81,75% dos proprietários concorda em manter seus animais restritos à propriedade, embora isso só venha a ocorrer na prática se tomadas atitudes como aplicação de punições aos mesmos.

O uso de vermífugos pelos proprietários de animais também foi abordado na enquete. De acordo com a pesquisa, 30,66% afirmam não utilizar nenhum método preventivo; 24,09% afirmam desverminar seus animais uma vez ao ano; 20,44% desverminam a cada 6 meses e, 24,82% a cada 3 meses.

Foi realizado um levantamento sobre a repercussão do trabalho realizado em julho de 2005 (vacinação anti-rábica e desverminação). Dentre os entrevistados, apenas 34,31% perceberam alguma diferença após a realização dos trabalhos. Embora 51,09% tenham percebido redução nos índices de infecção por bicho geográfico e 36,5% tenham notado melhora quanto ao bicho-de-pé.

Considerando as zoonoses potencialmente transmissíveis na região, 48,18% relatam casos de bicho geográfico em suas famílias; 45,26% relatam casos de bicho-de-pé; 5,11% apresentaram casos de toxoplasmose; 0,73%, casos de leptospirose e 34,31% não tiveram contato com nenhuma das doenças citadas.



Quanto à proibição de entrada de animais na Ilha do Mel, 59,85% dos moradores consideram correta, contanto que aplicada para toda e qualquer pessoa que adentre a Ilha. Com relação à proibição com restrições, 14,60% acham que os turistas devem ser proibidos de levar animais para a região; 7,3% acham que os veranistas devem ser proibidos e 3,65% consideram que os moradores permanentes devem ser proibidos de entrar na Ilha com animais de fora. O grupo restante (20,44%) é contra qualquer tipo de proibição relacionada.

Os dados listados nesse relatório servirão como base para as próximas etapas do projeto.

Pode-se perceber o efeito dos animais sobre o turismo da região, a partir dos dados a seguir: 32,12% dos entrevistados nunca receberam reclamações de turistas, enquanto 21,9% foram abordados quanto à presença de cães em praias e trilhas e 45,99% receberam reclamações quanto a fezes de animais em praias e trilhas.

A opinião da população sobre o aumento populacional de animais domésticos na região se expressou da seguinte forma: 58,39% acham que houve aumento na quantidade de cães, enquanto que 27,01% acham que houve redução. O restante (14,6%) não percebeu alterações na quantidade de cães da Ilha.  Quanto aos gatos, 56,2% acham que o número de animais aumentou e 15,33% não perceberam mudanças. Indo de encontro com a opinião da população, foi observado um aumento real de gatos sem dono que se reproduzem em diferentes áreas da Ilha, inclusive nas regiões de proteção ambiental. Este aumento não parece estar relacionado à entrada de novos animais na Ilha do Mel, já que 65,69% dos moradores não observaram tal fato.

O projeto inclui o controle de natalidade através de castração de cães e gatos. A grande maioria da população (98,54%) é a favor de um controle de natalidade efetivo. Quanto à castração, especificamente, 81,02% dos proprietários de animais permitiria a realização de tal intervenção cirúrgica.

A retirada de animais sem dono também foi abordado na enquete. Grande parte dos entrevistados (89,78%) concorda com a retirada, qualquer que seja o destino aplicado aos animais. 6,57% são a favor somente se o destino for adoção e, 3,65%, são contra a retirada de animais sem dono.

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